O governo Reagan, nos EUA, e Thatcher, no Reino Unido, iniciaram uma profunda mudança no âmbito econômico, com a tendência de desregulamentação setorial, que refletiu-se nas relações entre o setor público e o privado.
Pode-se dizer que as Parcerias Público-Privadas (PPPs) surgiram na Inglaterra. Seu embrião foi lançado em 1992 e aprofundado no governo Blair, em 1997. O cerne da questão era a busca por novas alternativas de investimentos. Porém, adotou-se uma estrutura diferente, utilizando-se de uma lógica de compra de serviços, buscando ganhos de eficiência.
Muitos governos, incluindo o britânico, chegaram à conclusão que há atividades que são melhor desempenhadas pelo setor privado e outras em que o setor público é mais recomendado. Assim, é somente a união do melhor dos dois setores que poderá proporcionar ao cidadão um serviço moderno e de alta qualidade.
Deste modo, a PPP “é uma nova forma de relacionamento entre o governo e o setor privado. A iniciativa privada entra com a capacidade de investir e se financiar, a flexibilidade e a competência gerencial, enquanto o setor público assegura a satisfação do interesse público”. Uma grande vantagem das PPPs é que estas estabelecem uma divisão de responsabilidades, permitindo que os riscos do projeto sejam divididos entre os parceiros, em função de suas capacidades.
Em suma, uma PPP busca prover infra-estrutura e serviços à sociedade, através de um projeto elaborado, financiado, construído e operado pelo parceiro privado. Para o desenvolvimento do projeto, muitas vezes os investidores constituem uma SPE, que é uma sociedade de propósito específico, limitando a responsabilidade dos acionistas aos recursos aportados ao projeto.
É importante mencionar que as PPPs diferenciam-se tanto das privatizações quanto das concessões. Em relação à primeira, pode-se dizer que vai na direção oposta, isto é, ao invés de o Estado fornecer a infra-estrutura ao setor privado, ao término do contrato, esta é transferida do investidor privado ao Estado.
As PPPs são, geralmente, constituídas para projetos cujo retorno econômico não é necessariamente viável. Sendo assim, a PPP se diferencia da concessão, pois a tarifa cobrada não é suficiente para garantir o retorno financeiro esperado, sendo necessário uma complementação financeira, por parte do Estado, a qual chamamos de “concessão patrocinada”. No caso de serviços em que o parceiro privado é impossibilitado de cobrar alguma tarifa, a Administração Pública deve realizar um pagamento integral ao parceiro, caracterizando o que chamamos de “concessão administrada”.
O Brasil sancionou, em 30 de dezembro de 2004, a Lei Federal nº 11.079, que trata das Parcerais Público-Privadas. O estado de Minas Gerais pode ser considerado o estado mais avançado no desenvolvimento de PPPs, tendo sancionado sua primeira lei regulando o tema no ano de 2003, antes mesmo da Lei Federal.
Uma inovação das PPPs, no Brasil, é a existência de garantias de prestação pecuniária, por parte do governo. É o FGP (Fundo Garantidor das PPPs) que oferece essa segurança ao investidor. Ele existe, pois os investidores privados têm medo de não receberem, em casos em que a oposição assume o poder ou, ainda, em que o Estado, por motivos fiscais, fica impossibilitado de pagar a prestação.
terça-feira, 23 de junho de 2009
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Apesar de um um bem ser de responsabilidade do Estado, muitas vezes este não tem sido bem cuidado por falta de competência administrativa e econômica, como é o caso do Grande Hotel do Barreiro aqui em Araxá. Neste caso a concessão vem colaborar com a manutenção de um patrimônio público que ficou fechado durante anos. por outro lado, sendo a iniciativa privada quem cuida, o cidadão comum deixa de ter acesso a um bem que lhe pertence.
ResponderExcluirBem, que tal vocânexar mais alguns assuntos de Direito Administrativo?
ResponderExcluirUm Abraço.
De que jeito? Minha formação é Enfermagem e estive na gestão do SUS durante alguns anos. Inventei de fazer pós em Gestão Pública Municipal e estou sofrendo... Vou me apoiando em pessoas brilhante como vc para ajudar a crescer.
ResponderExcluirUm abraço.